Mudamos o mundo todos os dias. A qualquer hora. Sem censura. Amarga ou doce. Com ou sem o primeiro gomo de tangerina.

Monday, May 31, 2004

“O Conselho Superior de Magistratura faz o que lhe apetece e não vale de nada recorrer”

O Procurador-geral adjunto no TRP dá esta segunda-feira uma entrevista a «O Primeiro de Janeiro» de leitura obrigatória. Alberto Pinto Nogueira fala do Conselho Superior de Magistratura com mimos deste género: ...a eleição para o cargo de presidente do Conselho Superior de Magistratura está correcta mas “ falece-lhe legitimação, valoração da legitimidade para tantos cargos e é até difícil, no Estado, encontrar alguém com tanto poder”.

A ler, sem falta.

Monday, May 17, 2004

O branqueamento da história

O texto de Vasco Graça Moura [ler mais abaixo] tem quase tudo. Falta-lhe, contudo, uma parte fundamental, que também faltou ao Público. Só não faltou ao «O Independente». O texto de Rui Ramos
não esquece o resto da história.

Se é verdade que se tem falado sobre o relatório das violências cometidas pelas autoridades militares durante a revolução do 25 de Abril, não se tem falado sobre a resposta dos juristas a esse relatório: um branqueamento dos factos e o esquecimento das torturas em nome da revolução. Entre os juristas estava o actual Presidente da República e o prémio Pessoa de 2003.

A parte fundamental é aquela que conta o que a geração de Sampaio já sabe, mas não fala. Agora quero que a minha geração conheça o passado de pessoas que, hoje, comandam os destinos do País. E que passiva ou activamente colaboraram com este horror, que caracterizou os tempos de 74 e 75. Leiam, para saber quem nos governa, para que o passado não passe em claro, impunemente, com a culpa a morrer solteira, como é hábito. Para que não se choquem só com o que se passa no Iraque e recordem o que se passou cá. O texto do historiador Rui Ramos aponta o dedo a quem soube o que se passou e nada fez. Um dia, espero, far-se-á Justiça.



Servícias por Vasco Graça Moura
«Casos de cárcere privado, com tortura e violenta agressão física; centenas de prisões arbitrárias; detenções sem invocação de razões e sem processo ao longo de meses e meses; interrogatórios à noite e não reduzidos a escrito; recusa de assistência de advogado; casos de tortura sistemática, de agressão violenta e de maus tratos físicos, por vezes com espancamento dos presos por vários agressores simultâneos; "sevícias sistemáticas sobre presos, com o fim de os humilhar e lhes infligir castigos corporais, traduzidos em agressões, rastejamento no solo, corridas forçadas, banhos frios com mangueira e imposição de beijarem as insígnias de uma unidade militar, incrustadas no pavimento"; tortura moral por insultos, intimidação e ameaças com armas de fogo; coacção psicológica por ameaça de prisão de familiares; vexames e enxovalhos públicos; subtracção de valores ou objectos na efectivação das prisões ou nas buscas às celas; incomunicabilidades, isolamentos, privação de correspondência, de artigos de higiene e de recepção de encomendas, até cinco meses; privação de exercício físico ao ar livre; desrespeito pelo natural pudor das pessoas na admissão dos detidos; graves deficiências de assistência médica, chegando a registar-se a morte de presos; impedimento de assistência a actos de culto...

E ainda queixas de simulações de execução; de agressão à dentada, espancamento e tentativa de violação de uma presa; de choques eléctricos nos ouvidos, sexo e nariz de um preso; de sevícias e torturas ao filho de outro preso, na frente deste, para extorsão de uma confissão.

Tão extremosas manifestações de humanidade não se devem à PIDE, nem aos franceses na Argélia, nem à guerra do Vietname, nem ao regime de Saddam, nem aos guardas de Guantánamo, nem às práticas sinistras de alguns militares americanos no Iraque.

Devem-se a militares e civis alinhados com o PCP e a UDP no rutilante Portugal dos cravos de 1974-75.
Dá-se aqui só uma pálida ideia de algumas das 56 conclusões do documento de 143 páginas publicado em 1976 pela Presidência da República, sob o título de Relatório da comissão de averiguação de violências sobre presos sujeitos às autoridades militares.

A brandura dos nossos costumes revolucionários no seu máximo esplendor torna ainda mais grotesco o enlevo de algumas lúgubres vestais comunistas e trotskistas, nas celebrações do 25 de Abril.

Oficiaram com estridor sobre a imprescritível "memória do fascismo". Mas a barulheira não abafa as memórias, assim edificantes e patrióticas, da gloriosa "construção do socialismo".

Na democracia norte-americana, conhecidas as sevícias nojentas perpetradas por alguns militares no Iraque, os nomes e fotografias dos responsáveis foram publicados, as autoridades exprimiram o seu repúdio, a comunicação social e a opinião pública fizeram livremente a sua avaliação indignada, os arguidos irão a tribunal e hão-de ser severamente punidos.

Na democracia francesa, as torturas na Argélia têm vindo a ser investigadas a quase cinquenta anos de distância.
Mas dá-se um doce a quem se lembrar de um só caso de julgamento em Portugal pelas selvajarias acima referidas.
Espera-se que comunistas, trotskistas e mais fauna da extrema-esquerda, que hoje tanto se abnegam pelos direitos humanos, façam o obséquio de esclarecer como, quando e onde, condenaram publicamente o que se passou entre nós naquela altura.

Já. Antes de guincharem mais.»

Vasco Graça Moura

Wednesday, May 12, 2004

No 13 de Maio, no Real Feytoria

Quinta-feira, 13 de Maio. Real Feytoria. Ribeira. 23 horas. «Noite de Divas». Não confundir com uma noite de divãs que nós somos raparigas sérias... Três amigas vão fazer a festa. E que festa! Estaremos no comando de todas as operações. Por isso, bebida, música, muita dança e boa disposição não vão faltar. Já faltar... é proibido.

Wednesday, May 05, 2004

Venha mais um...

Nem todos somos monegascos. Não somos. Uns são portistas, outros torcem pelo clube que dignifica o nome de Portugal lá fora. Qualquer que seja o clube. Neste caso, o FC Porto, o único clube que tem feito alguma coisa pela imagem da nação em terras estrangeiras.

Por vezes, penso, de facto, que ser benfiquista afecta o raciocínio em doses inexplicáveis. O teu caso, LR, parece evidente. Obrigada ao CC pela «rendição». Que é sempre bem aceite. Venha mais um...

Saturday, May 01, 2004

Herman José - Beijinho

Ai rapariga, rapariga, rapariga
Que só dizes disparates, disparates, disparates
E tanta asneira, tanta asneira, tanta asneira
Que p'ra tirar tanta asneira não chegam cem alicates.
Mas tu não sabes, tu não sabes, tu não sabes
Que isso de dar um beijinho já é um costume antigo
Ai quem te disse, quem te disse, quem te disse
Que lá por dares um beijinho tinhas de casar comigo.

- Ó chega cá...
- Não vou.
- Tu és tão linda...
- Pois sou.
- Dá-me um beijinho...
- Não dou.

Interesseira, convencida, ignorante, foragida,
Sua burra, és a miúda mais palerma, camelóide que eu já vi,
Mas por que raio é que tu queres os beijinhos só p'ra ti?

Ora dá cá um e a seguir dá outro,
Ora dá mais um que só dois é pouco
Ai eu gosto tanto e é tão docinho
E no entretanto dá mais um beijinho.

Ai rapariga, rapariga, rapariga,
Dás-me cabo do miolo, p'ra te levar com cantigas.
Ai mas que coisa, mas que coisa, mas que coisa,
Diz lá por que é que não és como as outras raparigas.
Quando eu pergunto se elas me dão um beijinho,
Dão-me tantos, tantos, tantos, que parecem não ter fim
E tu agora estás com tanta esquisitice
Que qualquer dia já queres e não sabes mais de mim.

- Dás ou não dás?...
- Não e não.
- Então dou eu...
- Oh! isso não.
- Dá-me um beijinho...
- Não dou não.

Não dás porquê, sua esganada, egoísta, malcriada,
Sua parva, só se pensas que eu acaso tenho a barba mal cortada
E vê lá se tens receio que a boca arranhada.

- Então vá lá...
- Já disse.
- Eu faço força...
- Oh! que parvoíce.
- Dá-me um beijinho...
- Oh! que chatice.

Analfabruta, pestilenta, hipocondríaca, avarenta, bexigosa,
Vou comprar um dicionário que só tenha nomes feios
Que é p'ra eu tos chamar todos até teres os ouvidos cheios.

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso canta, dança, ri e vive intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.

[recebi esta frase. não sei quem a escreveu. mas tem razão]