Mudamos o mundo todos os dias. A qualquer hora. Sem censura. Amarga ou doce. Com ou sem o primeiro gomo de tangerina.

Wednesday, July 28, 2004

Fico Assim Sem Você

Avião sem asa, fogueira sem brasa
Sou eu assim sem você
Futebol sem bola. Piu-Piu sem Frajola
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes
Vão poder falar por mim

Amor sem beijinho,
Buchecha sem Claudinho
Sou eu assim sem você
Circo sem palhaço, namoro sem abraço
Sou eu assim sem você

To louco pra te ver chegar
To louco pra te ter nas mãos
Deitar no teu abraço, retomar o pedaço
Que falta no meu coração
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo

Neném sem chupeta, Romeu sem Julieta
Sou eu assim sem você
Carro sem estrada, queijo sem goiabada
Sou eu assim sem você

Por que é que tem que ser assim?
Se o meu desejo não tem fim
Eu te quero a todo instante
Nem mil alto-falantes vão poder falar por mim
Eu não existo longe de você
E a solidão é o meu pior castigo
Eu conto as horas pra poder te ver
Mas o relógio tá de mal comigo
Por que?


Abdullah/Cacá Moraes

DARFUR

«Cerca de 30 mil pessoas foram já assassinadas, e perto de milhão e meio foram vítimas de limpeza étnica, afastados das suas aldeias e terras de cultivo. Centenas de milhar foram encurraladas em campos de concentração, patrulhados por milícias janjaweed, apoiadas pelo governo, que violam mulheres e matam os homens que tentam sair em busca de comida para as suas famílias. Outros vagueiam pela região sem alimentos nem água. Entretanto, Khartoum tem bloqueado e manipulado a ajuda alimentar internacional.»

Escrito no início do mês de Junho por Samantha Power, professora em Harvard

>Na Rua da Judiaria, Nuno Guerreiro, que tem alertado a blogsfera para não esquecer o problema do Sudão – e muito bem – escreveu um post que, em parte transcrevo aqui. Por vale a pena ler: «A crise humanitária de Darfur – o genocídio e a limpeza étnica que vitima a sua população negra– tem sido amplamente documentada (ver Darfur Humanitarian Emergency - Satellite Images), mas a reacção lenta e parcimoniosa da comunidade internacional parece provar uma vez mais o absoluto fracasso das suas instituições – especialmente daquelas criadas para evitar situações assim.

Na semana passada, na campanha presidencial americana, John Kerry não mediu palavras em relação aos eventos de Darfur: “Esta Administração tem de se deixar de ambiguidades. Estas atrocidades apoiadas pelo governo sudanês têm de ser classificadas pela sua designação correcta – genocídio. O governo do Sudão e o povo de Darfur têm de perceber que os Estados Unidos estão prontos a agir, em harmonia com os nossos aliados e a ONU.»

Tuesday, July 27, 2004

Portugal despede-se do mestre da guitarra

Era um génio da guitarra. Carlos Paredes morreu depois de 11 anos de internamento na Fundação Lar Nossa Senhora da Saúde. O Governo decretou luto nacional. Estava de férias e esta foi das poucas notícias que me chegou ao Alentejo, porque a triagem é uma coisa importante.

O funeral de Carlos Paredes realizou-se sábado. Estive sem televisão. Nada vi das cerimónias fúnebras. Mas ao recondito monte alentejano chegou-me a notícia: o mestre não seguiu envolto na bandeira do PCP. E antes foi celebrada uma missa de corpo presente. Terei sentido, perto da Costa Vicentina, um ligeiro azedume da parte do Partido Comunista?

PS: Já agora... depois da morte de Sophia de Mello Breyner e de Maria de Lourdes Pintasilgo, podemos concluir que só os homens têm direito a luto nacional?



Thursday, July 15, 2004

"Eternal Sunshine of the Spotless Mind"




Sobre o "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" o Tiago escreveu isto: «é um filme sobre relações que nunca irão resultar e pessoas opostas que insistem em abraçar-se porque um momento de carinho é também um minuto de felicidade. O guião de Charlie Kaufman é precioso, humano e invulgar (só em Portugal é que não se reconhece que o escritor é uma voz única no cinema americano, mais, é o primeiro guionista a assumir a condição de 'estrela' sem nunca se sentar na cadeira de realizador), as interpretações equilibradas, a direcção de Michael Gondry adquada e inovadora. Este é um dos filmes mais comoventes e menos sentimentais do ano. A relação entre Jim Carrey e Kate Winslet é tão comum que não há ninguém (excluindo os críticos de cinema, claro) que não se identifique com ela. Todos sofremos e, por vezes, o esquecimento parece ser a melhor solução. Mas isso seria ignorar quem fomos e em quem é que nos tornámos. E, como estava escrito numa caneca que ofereci a uma ex-namorada, "when we look back, we don't remember days, we remember moments". Para a maioria dos críticos portugueses, nada disto importa. "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" foi tratado como outra qualquer comédia romântica. Na minha opinião, e este texto é apenas e só a minha opinião, talvez lhes falte emoção. Melhor ainda, talvez lhes falte tesão. Ou, como disse um amigo, talvez lhes falte simplesmente vida».

Ele falou e eu fui ver. Porque ele tem razão. Porque é um dos filmes «mais comoventes e mais simples e mais complexo» que eu já vi.
Porque, de facto, só uma pessoa sem vida não se identifica num ou noutro momento com a relação de Kate Winslet e Jim Carrey.

O filme tirou-me uma dúvida: podemos nós esquecer? Fazer delete? Formatar? Podemos. A verdade é que podemos, mas não adianta. Os fragmentos que apagamos ficam no recicle byn do cérebro e ocupam muito espaço. Quando menos se espera, esses fragmentos soltos voltam, normalmente para fazer atrasar o sistema.

O melhor é não apagar memórias, ensina-nos Kaufman. O melhor é saber lidar com elas de forma a que elas não nos atormetem e não regressem em forma de uma má memória. Mas simplesmente de um acontecimento que deixou de ter vida própria.

"Eternal Sunshine of the Spotless Mind" é um dos filmes mais bonitos que eu já vi. A pele fica arrepiada desde o segundo minuto. Com a imagem daqueles dois num cérebro onde tudo pode acontecer. Com a imagem de duas pessoas que tentam apagar o amor e não conseguem. Porque não há um botão, porque ao clicar num dispositivo deixamos marcas daquele delete. Porque o cérebro permite o delete. Mas o coração, não. O coração aprende a viver com a memória que se quer apagar. Até que um dia... essa memória fica. E fica bem. Sem incómodo. Sem passado. Sem densidade. Existe, convive, relaciona-se com outras memórias. E não passa disso: de uma memória. Explicar isto em filme não tinha sido possível até "Eternal Sunshine of the Spotless Mind" ter chegado aos cinemas. Agora é. Possível.

Alvíssaras

O Mike tem finalmente um blogue. Chama-se Touro Sentado e para quem há muito esperava sentado que ele começasse a escrever, podem perceber por um post que eu deixo aqui que a espera não foi em vão.

«Coincidência
Por mera coincidência, iniciei este blog numa altura em que o país vive em histeria pelo facto de Pedro Santana Lopes ser o novo primeiro-ministro. Não aprecio particularmente do sujeito, mas também não rejeito liminarmente. Dou-lhe o benefício da dúvida e acredito que este Governo pode ser melhor do que o anterior.
Inteligente como é, Santana percebeu que chegou a sua hora da verdade, depois de muitos anos de promessas. Se falhar, passará à história como um populista sem conteúdo. Mas se conseguir imprimir a dinâmica em que aposta, e que acredita ser capaz, tornar-se-á, paradoxalmente, no político mais credível em mais de uma década.
Tudo joga a seu favor. Sabendo que será diariamente escrutinado, vai escolher uma equipa governamental capaz, superior à fraca "entourage" do seu antecessor Durão Barroso. A conjuntura económica dar-lhe-á espaço para respirar. E, como escolheu Bagão Félix para as Finanças, que lhe cerceará o ímpeto despesista, poderá investir com equilíbrio o orçamento que terá disponível, mais folgado que os anteriores. Os empresários gostam dele e os funcionários públicos também gostarão.
Finalmente, Santana Lopes é um político com sorte. Pode ser que a passe ao país».

posted by Mike

tem toda a razão. ou então não...

António Abreu sobre o regresso do Carmona a Lisboa:

O seu regresso "coloca algumas implicações complexas que terão de ser dirimidas de modo taxativo para que o município possa deliberar sem estar sob a espada da não validade dos actos administrativos".


Estás aqui, estás a fazer os discursos do Sampaio...

Tuesday, July 13, 2004

Não é justo.



Eu não quero ver o Ritchie vivo...
Não podem estar a repetir assim impunemente quando avisam que os «Sopranos estão de regresso». O caraças que estão.

Fraude

Afinal, a 2 está só a repetir a última série dos Sopranos.

Monday, July 12, 2004

A verdadeira razão. Não é uma explicação. É a verdade

Vasco Pulido Valente no Diário de Notícias. Genial. Como sempre.

«Não fazendo eleições, não foi, no fundo, contra a vontade do PS, foi contra a direcção de Ferro. Apesar do que por aí proclamaram, João Soares, Sócrates, Lamego, Coelho, Carrilho, Gama, Costa e o resto da formosa plêiade do PS antes querem aturar Santana no Governo do que Ferro no partido. Ora Sampaio liquidou pessoalmente Ferro, mostrando o seu pavor de, mesmo com eleições, lhe entregar o País. Agora Ferro saiu, como devia, e o PS (ou a parte relevante dele) exulta e reza por Sampaio. Moral da história: não acreditem no que ouvem e no que lêem. O Presidente conseguiu um «consenso». Ele em descanso, a Direita feliz, o PS feliz, Ferro infelicíssimo e o PC e o sr. Louçã aos berros como de costume. Ah!? Sampaio é de Esquerda ! Pois.»

Tartaruga no poste: Como Santana chegou a primeiro-ministro

Vejam isto. Eu ainda não parei de rir.

Sunday, July 11, 2004

Aconchego

Em conversa, outro dia, lembrei-me da importância que a música tem para mim, no meu percurso, no meu futuro. E lembrei-me que as letras - além dos sons que nos transmitem e podem transmitir uma paleta inteira de sensações - são absolutamente fundamentais. E nessa conversa, lembrei-me que desde muito nova (uns nove anos, mais coisa menos coisa), os Smiths passaram a ser importantes. Ora nessa altura, não era importante a letra. Mas o som, e o que esse som já podia representar para mim. Mais tarde, conhecedora do som, fui percebendo a letra. Porque comecei a gostar deles e não dos Onda Choc? (era o que estava a dar na época para a minha tenra idade). Acho que era mesmo por causa do som e da voz do Morrissey. Que já na altura me transmitia alguma coisa. Até hoje, há músicas que sei que serão para sempre. Porque existem na minha cabeça há demasiados anos. Porque estão por aí. Porque outras pessoas as recordam. Porque me dizem algo. Porque me confortam. Esta, é uma dessas que me conforta.

I KNOW IS OVER
I know it's over
And it never really began
But in my heart it was so real
And you even spoke to me, and said:
"If you're so funny
Then why are you on your own tonight ?
And if you're so clever
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very entertaining
Then why are you on your own tonight ?
If you're so very good-looking
Why do you sleep alone tonight ?
I know...
'Cause tonight is just like any other night
That's why you're on your own tonight
With your triumphs and your charms
While they're in each other's arms..."
(...)
Love is Natural and Real
But not for you, my love
Not tonight, my love
Smiths

É um plano secreto?



Eu também gosto dos dois

















Saturday, July 10, 2004

Sabedoria brasileira

"Aprenda uma coisa: o mundo não gira em torno de você.... Só quando você bebe demais."
"Homem gato, gostoso, gente fina e fiel é igual a nota de R$ 30,00... eu nunca vi."
"Quem trabalha muito, erra muito. Quem trabalha pouco, erra pouco. Quem não trabalha não erra. E quem não erra...é promovido."
"Não me considere o chefe, considere-me apenas um colega de trabalho que tem sempre razão."
"Quando você passar na rua e ficarem te olhando ... Não se sinta o máximo... pois o feio e o ridículo também chamam a atenção..."
"O Brasil é um país geométrico. Tem problemas angulares, discutidos em mesas redondas, por bestas quadradas."
“Todo mundo tem cliente. Só traficante e analista de sistemas é que tem usuário."

Tuesday, July 06, 2004

Frase

"Alguns homens lêem a Playboy pelo mesmo motivo que lêem a National

Geografic; gostam de ver lugares que sabem que nunca irão visitar..."

(Autor Desconhecido)

Monday, July 05, 2004

Para que não haja dúvida



[Na publicidade, pode ler-se]
Quem Ganhou o Euro 2004?

Ganhou quem ficou mais perto da família, mais perto dos amigos e mais perto do vizinho.
Ganhou quem ficou perto de perder a voz de tanto gritar, de tanto cantar, de tanto apoiar a Selecção.
Ganhou quem ficou mais perto da TV, mais perto do rádio de pilhas, mais perto do campo.
Ganhou quem ficou mais perto do hoandês, do inglês, do francês, do checo, do italiano, do suiço, do búlgaro, do espanhol, do grego, do russo, do sueco, do dinamarquês, do alemão, do croata, do letão e até do japonês que só veio vera bola.
Ganhou quem ficou perto da bandeira, perto do cachecol e mais perto de chorar ao cantar o hino nacional.
Ganhou quem viu o golo mais bonito e quem o soube comemorar.
Ganhou a nossa Selecção que de novo sonhou e nos fez sonhar.
Ganhou a Geração de Ouro, ganhou a nova geração, ganhou o país que ganhou uma nova Selecção.
Ganhou quem jogou, quem não jogou e quem apoiou.
Ganhou quem se atrasou para o emprego, quem chegou mais cedo a casa e quem saiu para a rua.
Ganhou quem pôs uma bandeira na janela, outra no carro e quem seguiu o autocarro da Selecção.
Ganhou quem soube receber bem.
Ganhou quem soube ganhar.
Ganhou quem soube perder.
Ganhou quem ficou mais perto de saber o que é ser português.

Viva a Selecção Nacional, Viva Portugal

Grécia é campeã da Europa



Parabéns à Grécia.
E parabéns a Portugal. Por tudo o que aprendemos nas vitórias e nas derrotas. Todos juntos. Das poucas vezes que me recordo de estarmos todos juntos. Sem culparmos ninguém pelos nosso erros ou falhas. Acreditando que, mesmo falhando, podemos ser os melhores. Acreditando em nós. E no que nos une: este pedaço de terra em que nascemos e que nos orgulhamos de representar. Em todos os cantos do mundo onde hoje se ergue uma bandeira das quinas, sem vergonha.
Um Europeu com um saldo positivo que não se contabiliza no marcador do Estádio da Luz. Mas em cada um dos portugueses que se agarraram aos símbolos deste País. Com orgulho. Com ternura e carinho pelo que os jogadores deram no campo. Orgulhosos pelo que nós demos fora do relvado. Uma fé e esperança que há muito não se via em terras lusas. E que, depois disto, não tem razão para desaparecer de novo.

MARLON BRANDO (1924 - 2004)



O actor Marlon Brando morreu quinta-feira, aos 80 anos, em Los Angeles.
Nos filmes realizados por Elian Kazan tornou-se um mito. Confirmou-o ao longo de uma carreira com mais de cinquenta anos de filmes. São recordações que posso ver em fita para todo o sempre.
«Há Lodo no Cais», «O Padrinho», «Apocalypse Now», «Um Eléctrico Chamado Desejo» e «O Último Tango em Paris» são filmes que Brando foi maior do que a vida. Como este filmes foram maiores do que vida. E Brando foi maior do que cinema.
Felizmente.




Sophia de Mello Breyner Andresen

Sophia de Mello Breyner Andresen é e será sempre um dos maiores poetas portugueses. Um que sempre me acompanhou e que eu sempre consegui entender.
Não são os poemas dedicados à liberdade, pela qual pugnou antes e depois de Abril de 1974, que mais me tocam. Prefiro os que se espraiam no mar, no amor, no mármore ou na vida.

A cultura clássica, sempre presente, na sua poesia funde-se na perfeição com o ritmo ora saudoso ora festivo da cultura portuguesa. Soube que morrera na sexta-feira, passavam dez minutos das oito horas da noite. Não me vou esquecer da sua poesia. Como não me vou esquecer dos contos infantis, que farei questão de ler aos meus filhos. «A Fada Oriana» ou «A Menina do Mar» são livros para todas as idades, mas que marcaram indelevelmente as crianças que os leram.

A posia de Sophia de Mello Breyner tem para mim ainda outra característica mágica: encontramos sempre uma que se adapta na perfeição ao que sentimos naquele dia. Há sempre uma que foi feita à nossa medida: do que pensamos naquela altura, do que sentimos naquele momento, do que pensamos sobre alguém que conhecemos bem. Mas a poesia de Sophia tem ainda outra característica mágica: é uma poesia solitária, que deve ser declamada só para nós. Em surdina. Sophia escrevia para dentro. Para dentro de cada um.


(Poema inédito)
Naquele Tempo
Sob o caramachão de glicínia lilaz
As abelhas e eu
Tontas de perfume

Lá no alto as abelhas
Doiradas e pequenas
Não se ocupavam de mim
Iam de flor em flor
E cá em baixo eu
Sentada no banco de azulejos
Entre penumbra e luz
Flor e perfume
Tão ávida como as abelhas

Abril de 98

Não se perdeu nenhuma coisa em mim

Não se perdeu nenhuma coisa em mim.
Continuam as noites e os poentes
Que escorreram na casa e no jardim,
Continuam as vozes diferentes
Que intactas no meu ser estão suspensas.
Trago o terror e trago a claridade,
E através de todas as presenças
Caminho para a única unidade.

Para atravessar contigo o deserto do mundo

Para atravessar contigo o deserto do mundo
Para enfrentarmos juntos o terror da morte
Para ver a verdade para perder o medo
Ao lado dos teus passos caminhei

Por ti deixei meu reino meu segredo
Minha rápida noite meu silêncio
Minha pérola redonda e seu oriente
Meu espelho minha vida minha imagem
E abandonei os jardins do paraíso

Cá fora à luz sem véu do dia duro
Sem os espelhos vi que estava nua
E ao descampado se chamava tempo

Por isso com teus gestos me vestiste
E aprendi a viver em pleno vento

Sophia de Mello Breyner Andresen
Livro Sexto (1962)

[uma das minhas poesias preferidas]

"Se"

Se tanto me dói que as coisas passem
É porque cada instante em mim foi vivo
Na luta por um bem definitivo
Em que as coisas de amor se eternizassem.


Pudesse Eu

Pudesse eu não ter laços nem limites
Ó vida de mil faces transbordantes
Para poder responder aos teus convites
Suspensos na surpresa dos instantes!

Poesia, Antologia
Moraes Editores, 1970


Cada dia é mais evidente que partimos

Cada dia é mais evidente que partimos
Sem nenhum possível regresso no que fomos,
Cada dia as horas se despem mais do alimento:
Não há saudades nem terror que baste.

Antologia
Círculo de Poesia
Moraes Editores, 1975


Terror de te amar

Terror de te amar num sítio tao frágil como o mundo

Mal de te amar neste lugar de imperfeiçao
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.

Antologia
Círculo de Poesia
Moraes Editores, 1975


Thursday, July 01, 2004

O teste

You Are Most Like Charlotte!
You are the ultimate romantic idealist

Faça o teste.

«Não tenho pressa»

Sampaio diz que não tem pressa de decidir. Eu tenho estado calada sobre a crise política, entretendo-me a trabalhar sobre ela, mas não discorrendo sobre a mesma. É muito melhor encher o blogue de fotos festivas e futeboleiras.

Contudo, depois desta bela frase, tenho a dizer o seguinte: apetece-me vomitar!
Não há pressa, senhor Presidente? Porquê? Porque o povo está entretido com a Selecção, é?
Ou porque, pura e simplesmente, está habituado a esperar? Se calhar, depois desta vaga de orgulho nacional, é de prever que o povo se torne mais exigente. Ou não. O povo, o português, tem uma característica especial: é de luas, completamente imprevisível.

Agora, «Não tenho pressa», diz Sampaio. «O processo de substituição do primeiro-ministro tem várias fases e encontra-se ainda na primeira com a auscultação de várias personalidades» da vida política e económica do país.

«Não tenho pressa»... Pois, eu tenho. E como eu, com certeza, mais portugueses também têm pressa. Pena o senhor Presidente não ter.

Em nome de Portugal

Domingo será dia de festa?

Uma vitória merecida... mais uma vez muito sofrida



Uma vitória merecida, mas mais uma vez muito sofrida. Portugal podia ter feito mais golos, mas não conseguiu aproveitar as inúmeras oportunidades que dispôs. Mesmo assim, esteve bem a defender e conseguiu segurar a vantagem.

Portugal




Estamos orgulhosos, cansados, histéricos, ansiosos, maravilhados. Tudo o que temos direito. Obrigada à selecção por nos devolver sensações demasiado antigas para alguma vez eu as ter conhecido.