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Friday, January 23, 2004

Adriano a Belém - parte II

(Tinha prometido explicações. Aqui vão elas)

Quando se fala em presidenciais – sim, falta muito, mas sucedem-se as sondagens – saltam de imediato nomes como o de Santana Lopes, Cavaco Silva, Freitas do Amaral, António Guterres, Mário e João Soares e outros que não granjeiam o mesmo peso junto dos estudos de opinião. O autarca de Lisboa disse-o claramente; os senhores que se seguem na lista deixaram a porta aberta, medindo cuidadosamente o pulso à opinião pública.

São «nins», «só Deus sabe» e o «futuro dirá». E entre a dança de putativos candidatos, gostaria também eu, caro leitor, porque sonhar é de graça, apontar um nome à interminável lista. Um nome que não se digladeia à esquerda, dentro do Partido Socialista, um nome que não luta com os candidatos da direita-centro-esquerda-liberal.

Um nome que em 2005 terá 84 anos... um pouco mais dos 81 que Soares, pai, irá comemorar no ano das eleições. Um nome que aos 39 anos foi Ministro do Ultramar.

Um nome afastado da política activa, mas que continua a contribuir para a democracia. Um nome relativamente consensual entre o regime de antigamente e o de agora. Um nome que considero ideal para estabelecer a ponte entre facções nunca verdadeiramente pacificadas e que só aparentemente convivem. Um nome culto, sensato, capaz de fazer a paz num país que ainda se divide pelo 25 de Abril de 1974. O nome mais lúcido.

O nome que não se quer candidatar. E por isso, quero aqui pedir-lhe desculpa por avançar com o seu nome. Senhor professor, apesar de não o conhecer, tenho a certeza de que não quer ser Presidente da República. É pena. Mas essa é também uma razão para desejar que fosse: o espírito de missão com que se abraçam tarefas públicas são contrárias ao desejo de protagonismo, de sucesso, de ribalta. Desejos que o professor claramente não tem.

Repare-se que só no famoso «índex» temos três reincidentes a Belém. Por isso queria Adriano Moreira na lista. Para acabar com eternos candidatos,
“eternos presidenciáveis”, ex-líderes, políticos afastados «ma non troppo»...
Adriano Moreira personifica o contrário de todos estes nomes. Porque é melhor. Porque não intervém na democracia de forma cirúrgica tentando acumular pontos no concurso da opinião pública. Faz bem.

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