Três para 2003
Dez discos. Dos dez do meu ano de 2003, escolho três, por ser «a conta
que Deus fez». Escolho Zwan, por ser o primeiro e o último, escolho Maria Rita, porque os genes são uma coisa extraordinária, e os «Tribalistas» porque aqueles três - claro - são um sonho, quando juntos. Mas da minha lista revivalista - a idade não perdoa e a minha idade que não consta no B.I. está perto dos 50... - a maioria dos eleitos são «best of» e colecções que remontam à década de 80 ou ainda antes.
Em «A História da Sétima Legião II 1983-2003» dos Sétima Legião, volto aos tempos de garagem, ao recreio do liceu onde passava música com colunas impróprias. «Mary Star Of The Sea» dos Zwan recordo o Coliseu dos Recreios num dia de Janeiro invernoso e chuvoso onde planei quando o Billy Corgan olhou para os camarotes para cumprimentar a manager que se contorcia ao meu lado. Onde estiver o Corgan eu também estou. Por mais que Zwan não se compare a Smashing...
Em «We´re a Happy Family - A Tribute To The Ramones», lembro-me do meu irmão nos tempos de liceu, quando criou os «Frakturados»... Em «Natural» de Celso Fonseca descobri uma voz que faz eriçar os pelos do braço esquerdo. E em Fiona Apple a voz grave, drástica e dramática de uma cantora que conhece os tons graves como ninguém. «Irmão do Meio» é mais um de Sérgio Godinho. Na minha opinião de especialista em Godinho é o pior dele. E mesmo assim é bom.
«Tribalistas» é para ouvir sem enjoar à espera que Mariza Monte edite mais um. «Maria Rita» é a certeza de que os genes fazem toda a diferença. E de que Maria Rita pegou onde Elis Regina deixou. Os trejeitos, a voz, o fraseado... é a mãe que regressou num corpo remoçado... «White Stripes» vale pela música. E pelos telediscos.
Não podia falar só sobre discos. Era preciso pelo menos um cheiro de cinema para que a felicidade da sobrevivência fosse completa: «Mystic River» pelo Clint Eastwood e a completa falta de esperança; «28 dias depois» porque o fantástico merece sobreviver e porque o realizador de «Trainsppoting» sabe fazer cinema; «25 horas» é Edward Norton no seu melhor e Spike Lee, as usual, no pior do ódio. Felizmente. E «Inadaptado», porque somos todos. Percebi que Cage também é.
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