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Monday, April 19, 2004

Rosebud

O Mundo a Seus Pés foi considerado por muitos como o melhor filme da história do cinema. Uma aposta quase cega da RKO em Orson Welles que, depois da emissão radiofónica de "A Guerra dos Mundos", que apavorou os Estados Unidos, foi considerado o novo génio do país com direito a contrato para realizar a sua primeira longa-metragem. Com a ajuda de Mankiewicz, argumentista de "O Feiticeiro de OZ", Welles conta a história do magnata e jornalista Charles Foster Kane e o argumento rapidamente se torna polémico devido à semelhança entre Kane e o magnata da imprensa William Randolph Hearst, dono da grande maioria dos jornais e revistas da época.

O filme só viria a ser reconhecido e a ganhar o estatuto de que hoje goza após a Segunda Grande Guerra. O grande mérito de Orson Welles, que tinha apenas 25 anos quando realizou O Mundo a Seus Pés ou Citizan Kane, foi o de ter quebrado com as regras cinematográficas da altura utilizando técnicas novas relacionadas com movimentos de câmara, flashbacks, iluminação pouco convencional e percursora dos Film-Noir, baixos ângulos de câmara que permitiam ver o tecto; utilização de vários pontos de vista dos personagens para contar a história. O Mundo a Seus Pés marca uma viragem no cinema enquanto forma de arte e a sua influência perdura até aos nossos dias. Pelo 4.º Mandamento e A dama de Xangai, Orson Welles merece figurar num panteão dos grandes realizadores da história do cinema.


PS: Isto de ter amigos fantásticos permite-me «abrilhantar» a prosa. Tiago, muito obrigada por estares atento... . «...sem dúvida um dos melhores filmes de sempre, Orson Welles era um génio, um mágico (literalmente). Mas o filme é o que é hoje também devido a um senhor chamado Greg Toland, director de fotografia. Foi a primeira vez que se utilizou o "deep focus shot", o que permitiu a criação de imagens perfeitas e focadas na totalidade, como na clássica cena onde Kane, em criança, brinca na neve (visto pela janela) enquanto os pais, dentro de casa, "assinam" o seu destino e o passam ao tutor. Nos créditos iniciais, e é caso raro, os nomes de Orson Welles e Greg Toland aparecem ao mesmo tempo, como se tivessem a mesmo importância. O deep focus já seria utilizado nos finais dos anos 30. Kane foi o grande exemplo a seguir, pelo brilhantismo das composições e marcou uma tendência no estilo clássico americano na década seguinte»

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