Quando a realidade ultrapassa a ficção
Quarta-feira morreu Sousa Franco, vítima de ataque cardíaco. Minutos depois de uma acção de campanha. O catedrático de Direito, político no activo há 40 anos nunca tinha ido a eleições. Diz quem o conheceu, que nunca esteve tão feliz.
Dirigentes de todos os quadrantes políticos colocaram divergências de lado para prestar homenagem ao ex-ministro e cabeça de lista do PS às europeias, que morreu em plena campanha eleitoral.
Era visto como «tecnocrata». Mas nunca se mostrou tão enérgico como nos últimos dias: de feira, em feira, de comício em comício, de palanque em palanque. Em resposta aos insultos com outros insultos, Sousa Franco surpreendeu tudo e todos durante as últimas duas semanas com uma campanha cheia de energia e juventude e chegou mesmo a ser «lançado» a Belém.
«É o entusiasmo e a força. E esta gente do Porto e de Matosinhos tem força». Foram as últimas palavras do cabeça de lista do PS. Jorge Coelho aconselhou-o a não ir à lota de Matosinhos e Sousa Franco deixou os óculos no carro, já à espera de demasiada confusão.
A acção de campanha que antecedeu a tragédia foi recheada de tensões e agressões verbais e terminou abruptamente após desacatos entre apoiantes de Narciso Miranda e Manuel Seabra, ambos do PS, e candidatos à Câmara de Matosinhos nas autárquicas de 2005.
No momento em que Sousa Franco chegou à lota de Matosinhos, o «número dois» da lista socialista, António Costa, tentou acalmar os ânimos entre grupos que gritavam «Seabra, Seabra», e outros que replicavam com palavras de ordem a favor de Narciso Miranda.
Quando a realidade ultrapassa largamente a ficção.
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