As diferenças
JPC republica hoje um texto brilhante, já editado no «Independente». Deixo aqui uma pequena parte dessa prosa que tão bem exprime o que tantas vezes pensei - mas nunca fui capaz de escrever, pelo menos desta forma - sobre as gentes que habitam agora este País. Tão diferentes do valorosos do Portugal de Quinhentos... É só uma pequena parte de um texto obrigatório.
"A arte da rudeza é insulto. Mas não é apenas insulto. É um insulto perverso, insolente e demencialmente elevado.
«Winston, você não passa de um bêbedo», diz Lady Astor a Churchill numa festa social. E Churchill, sem perder a compostura, responde: «E você, minha querida, é feia. Mas amanhã eu já estarei sóbrio».
O mesmo Churchill, na Câmara dos Comuns, confrontado com as críticas de uma parlamentar inflamada: «Se eu fosse sua mulher, punha veneno no seu chá». E Churchill, sem perder a compostura, responde: «E se eu fosse seu marido, bebia-o».
Agora tracem as diferenças. A nossa vida social, vendida pelas revistas da paróquia, pinga vulgaridade. As elites de um país definem esse país? Pois bem: as nossas elites mais visíveis são compostas por jogadores de futebol, apresentadores televisivos e concorrentes do Big Brother. Um cortejo grotesco, que diz tudo sobre Portugal. As frases desta gente são deprimentes e vulgares. As fronhas são deprimentes e vulgares. Os amores são deprimentes e vulgares. As casas são deprimentes e vulgares. Os sentimentos são deprimentes e vulgares. As férias, invariavelmente no Algarve, são deprimentes e vulgares. Os gostos são deprimentes e vulgares. As opiniões são deprimentes e vulgares. A educação é deprimente e vulgar. Tudo é deprimente e vulgar porque tudo surge infectado pelo vírus deprimente e vulgar da classe média arrivista e endinheirada, amante do exibicionismo saloio..."
JPC, em JPCoutinho.com - dIários on line.
0 Comments:
Post a Comment
<< Home