Mudamos o mundo todos os dias. A qualquer hora. Sem censura. Amarga ou doce. Com ou sem o primeiro gomo de tangerina.

Friday, February 27, 2004

Uma aposta...

As apostas do Driving Miss Daisy

Melhor filme - escolha pessoal "Lost in translation"
Melhor realizador - escolha realista - Peter Jackson
Melhor actor - escolha pessoal - Johny Depp
Melhor actriz - escolha realista e pessoal (ainda não vi, mas) - Charlize Theron
Melhor actor secundário (não resisto) - Tim Robbins (of course)
Melhor actriz secundária (não vi nenhum) - Renée Zelwegger

Dos outros:
- Eduardo Serra na Mulher do Brinco Pérola
- Finding Nemo
- (parece-me mal que a BSO do "Lost in Translation" não esteja)
- O Cidade de Deus em tudo que concorrer (apesar do Peter Jackson)
- Argumento - adaptado Cidade de Deus/ original Lost in Translation
- Estrangeiro (pelo que ouvi) Invasões Bárbaras

E agora façam as vossas apostas...

É já no domingo que a vossa astrologia cinematográfica tira a prova dos nove.

The 76th Annual Academy Awards

Best Picture
The Lord of the Rings: The Return of the King
Lost in Translation
Master and Commander
Mystic River
Seabiscuit

Best Animated Feature
Brother Bear
Finding Nemo
The Triplets of Belleville

Leading Actor
Johnny Depp in Pirates of the Caribbean: The Curse of the Black Pearl
Ben Kingsley in House of Sand and Fog
Jude Law in Cold Mountain
Bill Murray in Lost in Translation
Sean Penn in Mystic River

Leading Actress
Keisha Castle-Hughes in Whale Rider
Diane Keaton in Something's Gotta Give
Samantha Morton in In America
Charlize Theron in Monster
Naomi Watts in 21 Grams

Directing
City of God - Fernando Meirelles
The Lord of the Rings: The Return of the King - Peter Jackson
Lost in Translation - Sofia Coppola
Master and Commander - Peter Weir
Mystic River - Clint Eastwood

Art direction
Girl with a Pearl Earring (Lions Gate)
Art Direction: Ben Van Os
Set Decoration: Cecile Heideman

The Last Samurai (Warner Bros.)
Art Direction: Lilly Kilvert
Set Decoration: Gretchen Rau

The Lord of the Rings: The Return of the King (New Line)
Art Direction: Grant Major
Set Decoration: Dan Hennah and Alan Lee

Master and Commander (20th Century Fox)
Art Direction: William Sandell
Set Decoration: Robert Gould

Seabiscuit (Universal/DreamWorks/Spyglass)
Art Direction: Jeannine Oppewall
Set Decoration: Leslie Pope

Cinematography
City of God (Miramax) Cesar Charlone
Cold Mountain (Miramax) John Seale
Girl with a Pearl Earring (Lions Gate) Eduardo Serra
Master and Commander (20th Century Fox) Russell Boyd
Seabiscuit (Universal/DreamWorks/Spyglass) John Schwartzman

Costume design
Girl with a Pearl Earring (Lions Gate) Dien van Straalen
The Last Samurai (Warner Bros.) Ngila Dickson
The Lord of the Rings: The Return of the King (New Line) Ngila Dickson
Master and Commander (20th Century Fox) Wendy Stites
Seabiscuit (Universal/DreamWorks/Spyglass) Judianna Makovsky

Directing
City of God (Miramax) Fernando Meirelles
The Lord of the Rings: The Return of the King (New Line) Peter Jackson
Lost in Translation (Focus Features) Sofia Coppola
Master and Commander (20th Century Fox) Peter Weir
Mystic River (Warner Bros.) Clint Eastwood

Wednesday, February 25, 2004

Experiência

Experiência... experiência... Estou a experimentar um programinho novo que o Filinto me arranjou. Volto com mais densidade em breve...

Monday, February 23, 2004

Ana Teresa Pereira

Hoje, a net alegrou-me o dia. Descobri este blogue.

«Justiça & Cidadania»

Este número do «Justiça & Cidadania», parte integrante do «O Primeiro de Janeiro» vale mesmo a pena. Não deixem de ler. Basta clicar aqui

Sunday, February 22, 2004

Clarice Lispector

"Não te amo mais.
Estarei mentindo dizendo que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Você não significa nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
JÁ TE ESQUECI!
E jamais usarei a frase:
EU TE AMO!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade:
É tarde demais..."
(Clarice Lispector)

Leia este texto de cima para baixo e depois de baixo para cima.
As mesmas palavras e sentidos tão distintos.

(Obrigada ao «DEGRAU ECLÉTICO» por este texto e sobretudo a Eduardo Prado Coelho por ter dado a conhecer Clarice Lispector durante as aulas)

Saturday, February 21, 2004

Despedimento com justa causa

«O juiz Ricardo Cardoso justificou a decisão de manter João Vale e Azevedo em prisão preventiva com o perigo de fuga e de preservação da autenticidade e veracidade das provas do processo».

Quando o Conselho Superior de Magistratura decidir despedir o juiz do laço com uma reforma de 50 contos por mês, por mim, escusa de dar qualquer justificação.

É despedimento com justa causa. O ideal seria sem direito a reforma, se puder ser. Ideal mesmo era ser preso. Com episódios de liberdade por 14 segundos realizados pelos guardas por piada. Tal como ele fez. Por graçola.

Thursday, February 19, 2004

ESTRELA DA TARDE

ERA A TARDE MAIS LONGA DE TODAS AS TARDES
QUE ME ACONTECIA
EU ESPERAVA POR TI, TU NÃO VINHAS
TARDAVAS E EU ENTARDECIA
ERA TARDE, TÃO TARDE, QUE A BOCA,
TARDANDO-LHE O BEIJO, MORDIA
QUANDO À BOCA DA NOITE SURGISTE
NA TARDE TAL ROSA TARDIA
QUANDO NÓS NOS OLHÁMOS TARDÁMOS NO BEIJO
QUE A BOCA PEDIA
E NA TARDE FICÁMOS UNIDOS ARDENDO NA LUZ
QUE MORRIA
EM NÓS DOIS NESSA TARDE EM QUE TANTO
TARDASTE O SOL AMANHECIA
ERA TARDE DE MAIS PARA HAVER OUTRA NOITE,
PARA HAVER OUTRO DIA. (REFRÃO)

MEU AMOR, MEU AMOR
MINHA ESTRELA DA TARDE
QUE O LUAR TE AMANHEÇA E O MEU CORPO TE GUARDE.

MEU AMOR, MEU AMOR
EU NÃO TENHO A CERTEZA
SE TU ÉS A ALEGRIA OU SE ÉS A TRISTEZA.
MEU AMOR, MEU AMOR
EU NÃO TENHO A CERTEZA.

FOI A NOITE MAIS BELA DE TODAS AS NOITES
QUE ME ACONTECERAM
DOS NOCTURNOS SILÊNCIOS QUE À NOITE
DE AROMAS E BEIJOS SE ENCHERAM
FOI A NOITE EM QUE OS NOSSOS DOIS
CORPOS CANSADOS NÃO ADORMECERAM
E DA ESTRADA MAIS LINDA DA NOITE UMA FESTA
DE FOGO FIZERAM.

FORAM NOITES E NOITES QUE NUMA SÓ NOITE
NOS ACONTECERAM
ERA O DIA DA NOITE DE TODAS AS NOITES
QUE NOS PRECEDERAM
ERA A NOITE MAIS CLARA DAQUELES
QUE À NOITE AMANDO SE DERAM
E ENTRE OS BRAÇOS DA NOITE DE TANTO
SE AMAREM, VIVENDO MORRERAM.

EU NÃO SEI, MEU AMOR, SE O QUE DIGO
É TERNURA, SE É RISO, SE É PRANTO
É POR TI QUE ADORMEÇO E ACORDO
E ACORDADO RECORDO NO CANTO
ESSA TARDE EM QUE TARDE SURGISTE
DUM TRISTE E PROFUNDO RECANTO
ESSA NOITE EM QUE CEDO NASCESTE DESPIDA
DE MÁGOA E DE ESPANTO.

MEU AMOR, NUNCA É TARDE NEM CEDO
PARA QUEM SE QUER TANTO!

(JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS)

Wednesday, February 18, 2004

O sítio onde Edgar Cardoso imaginou a Ponte da Arrábida

Moro no Porto desde que nasci. Com excepção de um interregno para tirar a licenciatura em Lisboa, a Invicta é a minha cidade de eleição. Por ela voltei e por ela não vou embora. (Não esquecer, claro, que tal como a minha pátria é mais do que uma língua, uma bandeira e uma história, também a minha cidade é mais do que terreno, memórias, ruas e fontes. São amigos, são pais, são sonhos).

Mas em tantos anos - ok, não são assim tantos - nunca tinha descoberto um local tão bonito como o que descobri hoje.

Hoje, por acaso, por mero acaso, descobri onde Edgar Cardoso idealizou, imaginou, pensou, projectou no ar, a ponte da Arrábida.

A ponte foi feita para ser vista dali. Só dali. De uma varanda imensa que entre o seminário de Vilar e o Solar do Vinho do Porto existe só para nós.

Foi ali que Edgar Cardoso imaginou uma das mais belas obras de engenharia que Portugal já viu.

A paisagem que eu vi hoje... Se eu ao menos pudesse descrever o que vi. Existem palavras que com certeza reflectem o meu olhar. Eu não as conheço. Conheço apenas a sensação de encontrar uma paisagem assim, um rio Douro luminoso, uma marginal de Gaia que prende o caudal imenso, um céu que não tem fim e a ponte... Aquela magnífica ponte de Edgar Cardoso. Colocada ali. Que faz parte do céu, e do rio, e das margens. E do Porto. Do meu Porto.

O que estão a fazer aqui?

Nunca escreverei nada assim. Portanto, o que estão V. Ex. aqui a fazer quando podiam estar aqui a ler coisas que valem realmente a pena e que ainda por cima têm graça? Valha-me Deus. Passem para aqui e leiam sem falta a posta de sexta-feira, 13 de Fevereiro, escrito pelo Homem A Dias.

Friday, February 13, 2004

"Mário Soares liderou a contra-revolução"

Fazendo lembrar os tempos revolucionários dos idos anos de 1975, a Alfândega do Porto recebeu Vasco Gonçalves com uma falsa ameaça de bomba. Nada que o ex-primeiro-ministro não estivesse habituado, tendo também lançado um pequeno petardo contra Mário Soares.

Para o general, que na noite de quinta-feira se deslocou ao Porto, "Soares encabeçou a parte civil da contra-revolução" no período que levou ao 25 de Novembro de 1975, classificando o ex-presidente da República como "um político ambicioso, sem causas nem convicções". Depois de um espectador ter-se referido a Soares como "o coveiro da revolução" - com direito a salva de palmas - Vasco Gonçalves foi mais incisivo do que o costume em relação ao «senador» Mário Soares, que sempre tinha criticado de forma mitigada.

Há coisas que não se esquecem. Nem que demorem trinta anos.

Wednesday, February 11, 2004

Simples...

Contaram-me esta história em tempos.
Não sei se é verdade. Se não é podia ser.

Numa escola em França, onde miúdos de diversas religiões conviviam alegremente, a associação de pais decidiu acabar com as festividades de Natal. Foi o fim do teatro de Natal que recriava a viagem de José e Maria até Belém. Porquê? Para que judeus e muçulmanos não se sentissem discriminados.

Depois desse episódio, os pais das crianças muçulmanas e judias resolveram procurar outro colégio. Todas as crianças sairam de lá e foram para uma escola de freiras, mais católico era impossível.

A associação de pais não percebeu porquê. Um dos pais não resistiu e resolver perguntar. «Porque sairam daqui? E porque foram para um colégio católico?». «Simples», respondeu. «Não queremos que os nossos filhos andem em escolas onde não se defendam valores. Onde os pais dos alunos tenham vergonha das suas tradições, do seu passado, da sua pátria».

Simples, não?

Wednesday, February 04, 2004

Ainda sobre o «Lost in Translation»

Escrevi sobre o filme e nem todos os leitores concordaram comigo. Todos gostaram da segunda fita de Coppola, mas nem todos anuiram quando comparei o filme à vida. Disseram-me que era antes "um estado de graça: Alexandre Herculano escreveu que 'A felicidade são pequenos momentos de ternura'. Aquelas pessoas, a brilhante Bill Murray e a encantadora Scarlett, tiveram a sorte que todos procuramos". Concordo com o Tiago e ele deveria concordar comigo. É que o estado de graça, a felicidadade e a ternura que todos procuramos são a vida.

Nem todos temos a sorte de vivê-la. Nem todos queremos viver a vida. Que é uma estado de graça pela sua inexplicável existência, mas sobretudo porque quando a conseguimos viver ela é vida, ternura, felicidade. O tal estado de graça que é estar, de facto, vivo. Muitos levam a vida morrendo aos poucos e apagando lentamente a centelha que é nossa quando nascemos. Essa é uma vida de morte. Não falo dela, não me interessa. Falo da vida, vivida no seu pleno. Que é graça, que é mistério, que é pura felicidade. Mesmo quando não corre como planeado. Ao menos foi vivida. Não assassinada.