Mudamos o mundo todos os dias. A qualquer hora. Sem censura. Amarga ou doce. Com ou sem o primeiro gomo de tangerina.

Friday, April 30, 2004

O outro lado da cama

"El Outro Lado de la Cama", de Emilio Martinez Lazaro, esteve no Fantasporto, venceu o prémio do público, e felizmente chegou esta quinta-feira ao circuito comercial.

O tema infidelidade é abordado com descaramento, mas de forma subtil. É que não é bem infidelidade é... qualquer coisa que tem a ver com estar apaixonado ou dividido, manter uma relação com confiança ou à maneira mais antiga que potencia a imagem do verdadeiro macho latino.

Está lá tudo o que tem uma relação. Está lá tudo o que nos pode trazer felicidade. Está lá tudo o que nos pode deixar sem dormir. Está lá tudo o que nos faz... «trepar pelas paredes». Acreditem que é uma das melhores psicoterapias para casais deprimidos num país à beia-mar plantado. E depois há «gags» hilariantes sobre sexo, sobre traição, sobre detectives, sobre a amizade, sobre a homossexualidade. Sobre os novos tempos e sobre os velhos tempos.

Com música, dança, coro, choro e riso pelo meio. «O Outro Lado da Cama» é aquele onde eu e tu estamos ou já estivemos. As dúvidas, as incertezas, as mentiras, as meias-verdades, as relações com fim, as relações que parecem não ter fim.

De forma crua, mas nunca desesperançada, Emilio Martinez Lazaro termina o filme de facadas no matrimónio como se fossemos todos uma grande família. Afinal, pecadilhos todos cometemos e quando o casal atraiçoado atraiçoa também, então «amor com amor se paga» e tudo termina bem.

O cinema comercial espanhol está em grande. E nós por cá podíamos aprender a fazer parecido.

(com a colaboração de Nuno F. Santos)

Sumo na vida

Sumo na vida é o que eu te desejo. Sumo na vida um beijo.

Wednesday, April 28, 2004




«Se Eu Morrer Antes de Acordar» e «Até Que a Morte nos Separe» são dois livros imperdíveis da Ana Teresa Pereira. Obsessivamente, Ana Teresa Pereira retoma temas, expressões, personagens, locais como se de um percurso labiríntico se tratasse.

Amor de tangerina

Lembrei-me do «Amor é Para os Parvos» do Jorge Marmelo. Quem não leu, devia. "A história gira à volta de um narrador que procura na memória uma paixão antiga. (...) Sempre como se estivesse a falar para alguém que um dia deixou um bilhete e se foi embora" Jornal de Letras.

O cheiro das tintas

- Tens acesso?
- Não
- Porquê?
- Porque misturam o cheiro das tintas.

Contra factos não há argumentos

"Os homens mentiam bem menos, se as mulheres não perguntassem tanto!!"

Lenine

Li que amanhã, quarta-feira, há Lenine no Hard Club. Obrigada, por me avisares.

Abraços e beijinhos...

- Sabes que os meus beijos são teus.
- E o sorriso?
- (sorrio) Também.
- Então, dá-me um beijo
- Não dou.
- Porquê? Se são meus...
- Se são teus, não tens de os pedir... No dia em que tiveres de os pedir, é porque deixaram de ser teus

Tuesday, April 27, 2004

Vento e chuva

Quase

Uma das imagens mais belas da história do cinema

Vinho de Valpaços

Cantamos os amanhãs, os ontens e o que é de hoje. E o que será de nós.... Comemos e bebemos. Vinho de Valpaços: um perigo, é o que vos digo. Procuramos a plenitude num copo de vinho, numa música, num sorriso. Encontramos pedaços dessa plenitude: e ela vai-se avolumando à semana. Ao domingo, é como na missa: o culminar dos dias demasiados. Ali quase prometemos coisas e fazemos resoluções daquelas tipo ano novo. Por vezes, cumprimos. Outras vezes sentimo-nos acompanhados por quem procura a plenitude como nós. Sentimo-nos acompanhados por pessoas boas e boas pessoas. Que te sorriem. A quem sorrimos.

A música, a comida a bebida. O Rui é a argamassa de um domigno que se quer pacificador das existências. E que, por vezes, já se tornou em redemoinhos de emoções. Daqueles preferíveis... preferíveis aos pontos nos is que não nos fazem sorrir os olhos.

O Rui canta e encanta e faz-nos cantar e engana-se porque nós achamos piada. E toca se pedirmos. E toca para nós. E nenhum músico de excelência, com discos editados, e autógrafos dados, poderia substituir o Rui. Porque o Rui toca para nós. E gosta. E isso é admirável. E é isso que nos faz peregrinar todos os domingos à Ribeira.

Ele gosta de tocar para nós. E nós adoramos ouvi-lo (foi um plural majestático, com a certeza porém de que falo por todos os que ali, ao pé do Rui, se sentam todos os domignos.) Porque ele gosta de cantar para nós.


dois minutos

- Por que me olhas assim?
- Assim, como?
- como se soubesses o que vai acontecer.
- Não sei.
- E mesmo se soubesses, nunca saberias o que dizer, certo?
- Por que dizes isso?
- Nunca dizes realmente o que queres. E por isso acabas por nunca dizer nada.
- Agora adivinhas, é? Interessante...
- Está escrito nos teus olhos.
- Lês olhos, portanto...
- Não. Observo almas.

Sunday, April 25, 2004

Verde fauna, rubra flora

«Esta é a manhã que eu esperava, o dia inicial inteiro e limpo, de onde emergimos da noite e da escuridão e livres habitamos a substância do tempo" (25 de Abril, Sophia de Mello Breyner)


Hoje, cantaremos os amanhãs...
Com esperança, sem o peso dos trinta que passaram.

Thursday, April 22, 2004

Momentos

Há momentos na vida que assolam uma existência inteira

Obrigada por me darem a conhecer uma frase assim.

Tuesday, April 20, 2004

Casablanca

This is the beggining of a beautifull friendship

Here's looking at you, kid...


They had a date with fate! And there's no doubt about it...

O Louie está ali de propósito. This is the beggining.

Poema de Natal Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados,
Para chorar e fazer chorar,
Para enterrar os nossos mortos -
Por isso temos braços longos para os adeuses,
Mãos para colher o que foi dado,
Dedos para cavar a terra.

Assim será a nossa vida;
Uma tarde sempre a esquecer,
Uma estrêla a se apagar na treva,
Um caminho entre dois túmulos -
Por isso precisamos velar,
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.

Não há muito que dizer:
Uma canção sôbre um berço,
Um verso, talvez, de amor,
Uma prece por quem se vai -
Mas que essa hora não esqueça
E que por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.

Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre,
Para a participação da poesia,
Para ver a face da morte -
De repente, nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte apenas
Nascemos, imensamente.

PS: Já leram? Agora vão ouvir, que eu não vos sei dar música. Mas esta é absolutamente brillhante

Major detido pela PJ

«Valentim Loureiro foi detido pela da Polícia Judiciária, esta terça-feira, por alegados «comportamentos ilícitos susceptíveis de alterarem a verdade e lealdade na competição desportiva e seus resultados». Há coisas que mudam de um momento para o outro. Sem aviso prévio. No dia em que Valentim Loureiro foi detido, algo mudou.

Monday, April 19, 2004

Rosebud

O Mundo a Seus Pés foi considerado por muitos como o melhor filme da história do cinema. Uma aposta quase cega da RKO em Orson Welles que, depois da emissão radiofónica de "A Guerra dos Mundos", que apavorou os Estados Unidos, foi considerado o novo génio do país com direito a contrato para realizar a sua primeira longa-metragem. Com a ajuda de Mankiewicz, argumentista de "O Feiticeiro de OZ", Welles conta a história do magnata e jornalista Charles Foster Kane e o argumento rapidamente se torna polémico devido à semelhança entre Kane e o magnata da imprensa William Randolph Hearst, dono da grande maioria dos jornais e revistas da época.

O filme só viria a ser reconhecido e a ganhar o estatuto de que hoje goza após a Segunda Grande Guerra. O grande mérito de Orson Welles, que tinha apenas 25 anos quando realizou O Mundo a Seus Pés ou Citizan Kane, foi o de ter quebrado com as regras cinematográficas da altura utilizando técnicas novas relacionadas com movimentos de câmara, flashbacks, iluminação pouco convencional e percursora dos Film-Noir, baixos ângulos de câmara que permitiam ver o tecto; utilização de vários pontos de vista dos personagens para contar a história. O Mundo a Seus Pés marca uma viragem no cinema enquanto forma de arte e a sua influência perdura até aos nossos dias. Pelo 4.º Mandamento e A dama de Xangai, Orson Welles merece figurar num panteão dos grandes realizadores da história do cinema.


PS: Isto de ter amigos fantásticos permite-me «abrilhantar» a prosa. Tiago, muito obrigada por estares atento... . «...sem dúvida um dos melhores filmes de sempre, Orson Welles era um génio, um mágico (literalmente). Mas o filme é o que é hoje também devido a um senhor chamado Greg Toland, director de fotografia. Foi a primeira vez que se utilizou o "deep focus shot", o que permitiu a criação de imagens perfeitas e focadas na totalidade, como na clássica cena onde Kane, em criança, brinca na neve (visto pela janela) enquanto os pais, dentro de casa, "assinam" o seu destino e o passam ao tutor. Nos créditos iniciais, e é caso raro, os nomes de Orson Welles e Greg Toland aparecem ao mesmo tempo, como se tivessem a mesmo importância. O deep focus já seria utilizado nos finais dos anos 30. Kane foi o grande exemplo a seguir, pelo brilhantismo das composições e marcou uma tendência no estilo clássico americano na década seguinte»

I'm singing in the rain... What a glorious feeling

I'm singing in the rain,
just singing in the rain

What a glorious feeling
I'm happy again

I'm laughing at clouds
so dark up above

The sun's in my heart
and I'm ready for love

Let the stormy clouds chase
everyone from the place

Come on with the rain,
I've a smile on my face

I'll walk down the lane
with a happy refrain

Just singing,
singing in the rain

..Dancing in the rain..I'm happy again..
I'm singing and dancing in the rain
..I'm dancing and singing in the rain

ATRACÇÃO FATAL

"Não sei. Acho que é por causa do cheiro das pessoas. Por isso é que
os perfumes e os desodorizantes são tão populares."
João - 9 anos

"Primeiro temos que ser atingidos por uma seta. Depois, deixa de ser
uma experiência dolorosa."
Helena - 8 anos

"Abanamos as ancas e rezamos para que tudo corra pelo melhor."
Carla - 9 anos

AMOR
"O amor é a melhor coisa que existe no mundo. Mas o futebol ainda é melhor!"
Guilherme - 8 anos

"Sou a favor do amor, desde que ele não aconteça quando estão a dar desenhos animados."
Ana - 6 anos

"O amor encontramos mesmo quando nós tentamos nos esconder dele. Eu
fujo dele desde os 5 anos mas as raparigas conseguem sempre encontrar-me."
Nuno - 8 anos

E Lisboa aqui tão perto...

A música do SG fala no Porto aqui tão perto, quando ele ia morrendo no deserto. Uma pequena alteração: o Porto está sempre perto. Mas melhor, é quando Lisboa se acerca também...

Friday, April 16, 2004

...

"Morre lentamente quem não atira tudo para trás das costas".
Faltava esta frase ao poema de Neruda. E esta frase não pode faltar. Nunca.

Tuesday, April 13, 2004

«Vai ser o fim do mundo»

Quanto se pode desejar um fim de mundo assim?

Monday, April 12, 2004

Regresso

Porto Côvo

Depois de uns dias a ver a Ilha do Pessegueiro e a imaginar o vizir de Odemira, no lugar de Porto Côvo, com migas da Sonega, ouriçada e gelados de Mil Fontes, concordo com Neruda. "Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo. Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere os pontos sobre os "is" em detrimento de um redemoinho de emoções, justamente as que resgatam o brilho dos olhos, sorrisos dos bocejos, corações aos tropeços e sentimentos. Evitemos a morte em doses suaves" ...
E deambulemos pelo Alentejo, em boa companhia, a ganhar cor de Verão e aquela marca que vem com o bikini.

Tuesday, April 06, 2004

O descanso



Será por pouco tempo. Volto em breve. Vou apanhar sol e vê-lo nascer à beira mar. Quando voltar, não conto como foi. Até ao meu regresso.

Saturday, April 03, 2004

Who? Me?

Who? Me?

"Nunca houve uma mulher como Gilda" era a frase publicitária que anunciava a estreia do filme mais assombroso de Rita Hayworth.

"Todos os homens que conheci, apaixonaram-se por Gilda e acordaram comigo". Além de "Gilda", "A Dama de Xangai", e outros filmes, Rita foi, durante anos, o cerne das fantasias masculinas. Uma ruiva, descarada, em plena década de 40, num altura em que o 'tipo' Gilda poderia ser mal aceite. A postura demasiado arrojada estava na fronteira do que a América puritana poderia aceitar.
«Are you decent?» «Who? Me?»....